Lula lá!
Original em 29 de março de 2006
Todos os políticos falam em números, deturpam dados e empurram goela a baixo o espetáculo do crescimento. Veja só o título da notícia no site do PT:
“’Chegaremos à ordem de 8 milhões de novos empregos’, afirmou Marinho, somando servidores públicos e segmentos de trabalho fora das estatísticas, como agricultura familiar." *Fonte: Site do PT
Resolvi, então, conferir toda essa pujança no IBGE. Peguei os dados de Dez/2002 (Ultimo mês do FHC) e “cruzei” com os de Fev/2006 (último resultado do Lula). Veja o que deu:
Nas capitais citadas foram criados 1.888.000 empregos. Ótimo, não? Exceto pelo fato de que aumentou em 2.002.000 o número de Brasileiros Economicamente Ativos. Discutirei a Taxa de desemprego quando tratar do Brasil como um todo, na seqüência.
O porém é que o IBGE não lança a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Brasil todo, e só das regiões citadas. Como a escolha é feita para dar números percentuais proporcionais a todo o Brasil, decidi aplicar os dados na população total brasileira e dar os números brutos do PT. Precisava saber, então, qual a porcentagem da População Economicamente Ativa (PEA) que as regiões metropolitanas escolhidas pelo IBGE representavam no Brasil. A resposta é 27%:
Utilizando a proporção da porcentagem, multipliquei os valores que eu já obtive nas outras tabelas pela divisão de 100 por 27:
Sim. Se formos ver os dados Brutos o Lula alcançará os 8 milhões, afinal já está nos 7 milhões. Veja, nessa proporção, ele só precisa criar cerca de 100.000 empregos por mês para chegar na sub-meta (a meta de campanha era de 10 milhões). Só que isso é realmente algo memorável?
Se atentar, o número total de desempregados aumentou. Isto significa que a meta de 8 milhões é insuficiente para APENAS CONTER o crescimento populacional (Até o final do ano podem surgir mais quase um milhão de empregos, porém surgirá um número maior de trabalhadores, como foi mostrado nas tabelas). Ou seja, se o Lula ficasse eternamente no governo, o desemprego NUNCA iria acabar. Claro, não sou infantil em acreditar que o desemprego poderia acabar num país como o Brasil sobre o capitalismo moderno, mas as taxas de queda são baixíssimas – tanto para serem usadas como bandeira de campanha quanto para um país subdesenvolvido como o Brasil. Olhem como a redução da taxa de desemprego prova isso:
*Fonte: IBGE.
O Governo Lula conseguiu APENAS mudar a taxa de desemprego em MENOS de 0,5%. A redução foi de MENOS de 5%. É tão ridículo quanto o crescimento do PIB nacional:
*Fonte: FMI - World Economic Outlook Databases.
Claro, PIB (Produto interno bruto) ou PPP (Paridade do poder de compra) é um dado muito “numérico” e não significa melhoria na vida da população. Mas, para a geração de empregos, o PIB brasileiro chega a ser ridículo perto de outros países subdesenvolvidos. E vale ressaltar que o próprio FHC não fez o Brasil crescer tanto, porém deixou a política econômica melhor encaminhada. Prova disso eram as previsões do IPEA em 2002 – 4,7% para 2004 e 4,8% para 2006 – disponíveis no site do Mercosul.
Por último, vou mostrar os dados do crescimento da renda média do brasileiro. Para tal, precisarei dos níveis de inflação.
*Fonte: IBGE.
Sobre o salário mínimo, será que o Lula conseguirá dobrar o poder de compra?
*Fonte: PortalBrasil.net/IBGE/Noticiários gerais
Olhem só! Não dobrou. Faltou “só” R$152,17. O remédio para Carduran para pressão alta custa, no preço de tabela, R$112,28 – com 30 comprimidos. Caso o paciente tome 2 cápsulas por dia e consiga um desconto de 30%, gastará R$157,18 – ou seja – mais que o déficit do Lula. Lembremos que, atualmente, quem mais sofre com o baixo salário mínimo são os aposentados, os que mais consomem remédios.
Vamos ver quanto a renda média subiu e quanto deveria ter subido para acompanhar a inflação:
O nosso amigo Lula “esqueceu” de subir R$79,10. O brasileiro compra menos com o salário que tem, e cada vez ganha mais perto do salário mínimo. Lula quer, assim, jogar todos para o Piso, criando uma diferença social Brutal entre quem ganha 1 salário mínimo e quem ganha milhares de salários mínimos, ou seja, extinguir a classe média – que é honesta e bem informada, a única que pode tomar seu poder. *Correção: acabei me expressando mal. O governo NÃO controla diretamente o Salário médio da população, porém, com suas políticas, não incentiva o seu crescimento necessário.
Por isso eu digo: Lula lá! E eu aqui bem longe...
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