Zequinha
Original em: 02 de junho de 2006
Zequinha era um menino peralta. Brincava, pulava, festejava a seu modo. Só que Zequinha estudava. Muito, diga-se de passagem. Zequinha adorava falar de química, de física, de matemática... Não era por obrigação que ele ia sentar nas carteiras do colégio perto de sua casa. Era por prazer.
Mas os “amigos” do Zequinha não entendiam ele. Ele era xingado, diminuído, isolado lá nas primeiras carteiras, enquanto a densidade demográfica do fundo da sala batia recordes. A ordem geral era não fazer nada, não ler os textos, não realizar nenhuma atividade desde que seja expressamente obrigado.
E Zequinha cresceu. Seus “amigos” também. Zequinha ficou rico com seu suor e esforço, era reconhecido, virou professor, queria encontrar mais Zequinhas como ele, que tinham amor e curiosidade. Seus “amigos” não ficaram ricos, ficaram milionários a custo de desvio de dinheiro, corrupção, roubo e aquele jeitinho todo. Zequinha ficou bravo com a vida nesse país subdesenvolvido porco.
Só que Zequinha achou um Zequinha igual a ele, ou melhor, uma Zequinha. A Mariazinha, que amava o saber como ele. Zequinha namorou Mariazinha, sua aluna. Mas um dos seus “amigos” contou ao superior. Zequinha ficou sem namorada, sem emprego e foi viver das suas poupanças num apartamento que beirava o mar em qualquer dessas praias famosas e movimentadas.
O Brasil é uma nação de Zequinhas incompreendidos. Não basta não fazer aqui. Tem de humilhar quem faz. Afinal, é o país do “nas coxas” e do “na bunda”, se me permitem baixar o nível. Enquanto isso ocorre as claras, o governo corta verbas para as universidades e seus departamentos de pesquisa. E da-lhe mais propagandas sobre a auto-suficiência.
É o seu Brasil, não o meu.
Texto de minha autoria.
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